terça-feira, 6 de março de 2012

Existem mil maneiras de falar com alguém.


Alguém liga para você e pergunta se você viu o e-mail que mandaram. Ou um amigo escreve via SMS para saber se você está online. Ou alguém manda uma mensagem pelo Facebook para avisar que procurou você no MSN e não encontrou. Uma mensagem chega via Gtalk perguntando se “você está aí?”.

Houve um tempo em que havia poucas formas de entrar em contato com algum conhecido. Além da possibilidade de encontrá-lo pessoalmente, você poderia mandar uma carta ou tentar contactá-lo por telefone – que estava em um único lugar. Dá até para pensar que, no futuro, nossos filhos ficarão espantados com esse passado – hoje quase remoto – em que, para encontrar alguém era preciso ligar para o lugar em que ele poderia estar, em vez de ligar diretamente para a pessoa.

Mas surgiu a internet e ela trouxe outros canais: primeiro o e-mail (que você ganhava ao assinar um provedor de acesso à rede), depois o webmail (que mostrava que você poderia ter mais de um e-mail), os chats e, pouco depois, os programas de comunicação instantânea, que funcionavam como bate-papo, mas que permitiam identificar quem estava do outro lado. Mais tarde veio a web 2.0 primeiro com os blogs, depois com os sites de publicação de vídeo e fotos e, finalmente, (inúmeras) redes sociais. Cada um destes novos canais criou uma nova forma de entrar em contato.

Não bastasse tudo isso, veio o celular. E, com ele, tivemos de decorar mais um número, além do telefone de casa e do trabalho (para depois, com o tempo e a agenda de contatos no celular, esquecer quase todos eles). E além de falar ao telefone, também mandamos mensagens de texto. Logo depois, o aparelho se conectou à internet e não bastassem as ligações e SMS, todos os outros canais que antes só habitavam a tela do computador vieram para o telefone. Então checamos mensagens no Facebook, DMs no Twitter, e-mail e todos os outros tipos de contatos via web possíveis no celular. Isso sem contar um infindável universo de aplicativos que ajudam a estar em contato com quem quisermos – e até com quem não queremos.

Essa vida hiperconectada é rotina para um número cada vez maior de pessoas. E tende a piorar – ou a melhorar, dependendo do ponto de vista – com o tempo. Isso porque a tal inclusão digital, que parecia que iria acontecer quando todos tivéssemos um computador em casa, está acontecendo muito mais rápido do que imaginávamos, graças à popularização do celular e a convergência do aparelho com a internet. E por mais que já existam mais celulares do que habitantes no planeta, esse número tende a aumentar ainda mais.

“Fazendo as contas, telefones que custam US$ 400 vão custar US$ 20 daqui a 12 anos, e se o Google fizer tudo certo, haverá um Android em cada bolso”, disse Eric Schmidt, eminência parda da empresa no Mobile World Congress, maior evento de tecnologia móvel do mundo que aconteceu na semana passada, em Barcelona, na Espanha. Desconte-se a megalomania típica do Google (de que todo mundo terá um celular Android em pouco mais de uma década) e sua profecia não é nada descabida. E se lembrarmos que todas as grandes empresas de telefonia celular trabalham com objetivos semelhantes, não é exagero achar que todos os habitantes do planeta terão um smartphone em dez anos.

Para vender seu peixe, Schmidt frisou que, uma vez que todo mundo estiver conectado, o mundo será mais justo, os pobres serão menos pobres, todo mundo terá mais consciência política e as castas econômicas se aproximarão. Há um tanto de fantasia – e marketing – nesse discurso. E vai saber se daqui a alguns poucos anos alguém inventa algo que possa tornar o celular obsoleto…

O segredo para isso acontecer talvez esteja na possibilidade de integrar todos nossos contatos. Mensagens de redes sociais, e-mails, telefones… Tudo poderia convergir para uma só caixa de entrada. Que poderia ser acessada a qualquer minuto, de qualquer aparelho. Se alguém juntar esses pontos – num aparelho ou serviço – pode estar começando a redesenhar o futuro. De novo.

Fonte: blog.estado.com.br

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