Veja como as fabricantes captam as tendências do mercado e transformam nossas necessidades em aparelhos
Você já parou para imaginar como "nascem" os dispositivos móveis? Assim como qualquer outro produto, um smartphone ou tablet surgem, na maioria das vezes, da necessidade do mercado. Alguns fabricantes saem às ruas pesquisando o que o consumidor espera, precisa e pode comprar. Outros criam conceitos dentro da própria empresa e apelam para a criatividade dos funcionários.
Dessas pesquisas nasceram diversos aparelhos disponíveis no mercado, que tiveram sua história iniciada bem antes das lojas. O Spice da Motorola, lançado há um ano, é um exemplo disso. O celular teve a produção liderada pelo time brasileiro da empresa e, por isso, ganhou características peculiares de um mercado emergente como o Brasil.
O conceito do aparelho foi totalmente baseado nas necessidades de um consumidor que não possuía um smartphone e estava querendo comprar seu primeiro celular com acesso à internet e outros recursos inteligentes. "Fizemos um aparelho bom, com diversas funcionalidades, porém mais simples e barato. Entendemos que a pessoa que vai comprar seu primeiro smartphone não vai querer gastar tanto logo na primeira experiência”, conta Rosana Fernandes, Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Motorola Brasil.
Já a Nokia lançou dois novos modelos focados na necessidade do mercado indiano. A vice-presidente de marketing da empresa, Blanca Juti, conta que ela mesma saiu às ruas para descobrir as necessidades dos consumidores. "Na Índia, um aparelho dual-SIM é fundamental, porque há diferentes roamings em uma mesma região metropolitana. Eles usam uma para o trabalho e outro para casa", lembra. Com essa descoberta, a fabricante finlandesa compreendeu que estava faltando no país uma opção de aparelho com vários chips. Nascia aí o Asha 200, celular inteligente dual-SIM que aceita até cinco chips.
Outra descoberta interessante da executiva durante o processo de desenvolvimento da linha Asha, composta por quatro smartphones de baixo custo, foi a necessidade de uma troca rápida de um chip para outro. "Percebi que era inviável para alguém trocar os chips dentro de um ônibus apertado, por exemplo. Por isso, criamos um smartphone que faz a troca de chips pela lateral e não pela bateria", comenta.
Na Nokia, o processo de tornar a ideia em realidade passa por algumas etapas. Segundo Mikiê Kawakami, gerente de portfólio, planejamento e projetos, o conceito do aparelho passa por aprovações de desenho e engenharia, até o marketing e equipe destinada à escolha de materiais. Do período de teste até a produção, são necessários cerca de 18 meses. Já na fábrica, o processo é bem mais rápido. Para entender como funciona a fabricação, a companhia divulgou um vídeo do N9 que pode ser visto abaixo.
Nessa mesma linha de pensamento, Kang Min Lee, vice-presidente sênior do Media Center Solutions da Samsung, conta que a criação de um novo produto dentro da Samsung também tem várias etapas. Primeiro, os designers e engenheiros se juntam para criar, em apenas seis dias, o conceito do aparelho, que inclui até o desenho da caixa do dispositivo. De centenas de conceitos, apenas dois ou três chegam à etapa do protótipo. Nessa fase, a companhia testa o aparelho em diversas salas específicas para cada detalhe como som, teclado ou display. A partir daí, os pesquisadores trabalham para descobrir quais os materiais mais adequados para a fabricação e o pessoal de marketing também entra em cena para checar a viabilidade de venda do aparelho no mercado. Assim, com tudo em ordem, o protótipo segue para fábrica e, em seguida, distribuição.
No caso do Galaxy Tab, a Samsung desenvolveu tablets com três tamanhos de tela, baseados em diferentes perfis de consumidores. A versão 10.1 do Galaxy Tab tem a tela maior, pois é voltado para os usuários que utilizam o dispositivo para ver filmes e outros conteúdos. Já o Galaxy Tab de 7 polegadas cabe perfeitamente no bolso do paletó, ou seja, é destinado aos executivos que carregam o tablet para cima e para baixo.
O interessate é que enquanto a Nokia faz concursos dentro da própria empresa para gerar novas ideias e a Samsung conta com 30 mil pesquisadores da divisão de Research and Development ("pesquisa e desenvolvimento", em português) para captar novidades, a Apple segue pelo caminho contrário. Steve Jobs era avesso a pesquisas, pois acreditava que não era tarefa dos consumidores saber o que eles querem. "Não faz parte do trabalho do consumidor descobrir o que ele quer. Não dá para sair perguntando às pessoas qual é a próxima grande coisa que elas querem. Henry Ford disse que, se tivesse questionado seus clientes sobre o que queriam, a resposta seria um cavalo mais rápido", dizia o fundador da companhia.
Apesar da visão contraditória em relação aos conhecimentos de marketing, Jobs obteve sucesso na maioria de suas empreitadas. O empresário, que faleceu no dia 5 do último mês, criou produtos que nem mesmo os consumidores sabiam que gostariam de ter. O iPod e o iPad são bons exemplos disso. O tocador de MP3 tirou a companhia de uma crise e o iPad se tornou um dos maiores sucessos da tecnologia, sendo copiado pela maioria dos concorrentes.
Fonte: Olhar Digital
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