São três da manhã. O latido estridente do cachorro do vizinho acorda metade do bairro. Eu me entrego: não vou conseguir dormir. Tento alcançar o celular (carregando) em cima da mesa. Ele cai — com a tela virada pra baixo. Eu rezo: “não quebrou, não quebrou, não quebrou”. Pego e… Não quebrou.
Vejo as notificações: recebi dois snapchats. “Que porcaria”, penso quando vejo o primeiro. O segundo, dou até uma risada.
Aproveito que não consigo dormir e levanto. O celular vai comigo, é claro. Guardo ele no bolso e vou ver TV. Só que nem mudo de canal. Sabe quando você liga a TV e fica naquela tela da operadora? Então. Eu nem me interesso pelo canal, só gosto da companhia ficticia que a televisão me dá. Ou ficticia é a companhia do smartphone?
De novo, saco o celular. Instagram: fotos da noite anterior. “Putz, esse pessoal muito louco na noite”. Volto mais e encontro fotos diurnas. “Bichinhos, sol, praia, biquíni, churrasco, carros, moda ....”: é quase um mantra...
Na insônia digital, outro hobbie meu é olhar conversas antigas do Facebook. Vou lá pra julho de 2010. “Oi”. “Tudo bem?”. “Aham”. Uma conversa monossilábica com uma pessoa que havia conhecido uma noite antes. “Nossa, nem lembrava dela”. Clico no perfil, vejo que ela se formou em Medicina sei lá onde ...
Volto ainda mais. Fevereiro de 2009. Minha primeira conversa no Facebook:
- “Você sabe usar isso aqui?”. ”
- Não muito, eu entrei pelo FarmVille”
- “Também”.
Nossa! Eu tinha entrado por causa do FarmVille. Um tal joguinho de fazendeiro me apresentou pra esse rede social do capeta. Mal sabia eu.
Lembrando do jogo, resolvo me aventurar com Flappy Bird. Sim, o hype do jogo já passou e eu nem gosto mais tanto. Mas sei que, se excluir, nunca mais posso baixá-lo, já que o doidinho que o criou tirou o jogo do ar.
1, 2, 3, 4, 5 e morro. Uma, duas, três, quatro vezes. “Eu era melhor”. Jogo mais vezes. Os pulinhos do pássaro funcionam como carneirinhos pra mim. Adormeço ali mesmo, no sofá.
5 horas depois, eu acordo.
O celular vibrou com o WhatsApp e as mensagens dos grupos. kkk e a pertubação não acaba nem no sábadooooo
E ai você já passou por isso? Comente e compartilhe.
Fonte: http://youpix.virgula.uol.com.br
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