quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Redes sociais e compras coletivas têm prazo de validade, diz Jack London.



Jack London diz que 62% das compras no País são subsidiadas pela rede mundial. A internet é, pela sua própria natureza, rápida. Esse mesmo conceito, então, vale para os negócios baseados na rede mundial. Com a experiência de quem criou a livraria virtual Booknet, primeiro case de sucesso do e-commerce brasileiro, vendido em 1999 ao GP Investimentos dando origem ao Submarino, Jack London recomenda que as empresas tenham cuidado ao ingressar em um negócio virtual. Consultor internacional e escritor, ele desaconselha veementemente os empresários a investirem em modelos que viram febre.

Os sites de compras coletivas já estão, segundo ele, em uma curva descendente e, assim como as redes sociais, têm prazo de validade para acabar. Algumas iniciativas também precisam ser melhor avaliadas. Mais do que um ambiente de compra e venda, a internet, por exemplo, precisa começar a ser vista como um instrumento fundamental de pré-venda. E isso não vale apenas para os grandes varejistas, mas para as empresas de pequeno e médio porte. Hoje, mais de 70% dos brasileiros consultam a web antes de fazer uma compra, seja em loja física ou virtual. London participa hoje, no hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre do Ecom 2011 - I Seminário Nacional de Comércio Eletrônico, novos Meios de Pagamento e Negócios na Web. Promovido pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), o evento acontece nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.

Jornal do Comércio - Qual a grande contribuição da internet para o varejo?

Jack London - Os dados do e-commerce mostram um crescimento de 40% no ano passado no Brasil, enquanto o varejo tradicional cresceu entre 11% e 12%. Ainda assim, a participação das compras online ainda é muito baixa, ficando em torno dos 2,5% do total. Nos Estados Unidos este índice varia entre 6% e 7% e no Japão já chega a quase 10%. Em compensação, as empresas precisam olhar o potencial da internet como um instrumento de pré-venda, que só cresce. Até alguns anos, o impulso de venda era algo direcionado para familiares ou amigos. Essas eram as pessoas que costumávamos consultar antes de adquirir algum bem, seja para buscar informações ou para dividir uma opinião. Hoje, dados mostram que em 62% das compras realizadas no Brasil são subsidiadas por informações buscadas na própria rede mundial. Mesmo que as pessoas acabem optando por comprar nas lojas físicas, elas já chegam sabendo muito sobre preços e características dos produtos. A internet não substitui o vendedor, ela substitui a vitrine.

JC - Como avaliar o futuro das redes sociais, que são um fenômeno no Brasil?

London - As redes sociais no Brasil têm uma função importante, que é a de promover a entrada de novos usuários na internet e no comércio eletrônico. Mas nada permanece a longo prazo na internet. Um exemplo disso é o Google que, apesar do sucesso estrondoso, passa por um momento de oscilação e já dá sinais de que começa a pagar o preço do envelhecimento na internet. É possível que daqui a quatro ou cinco anos, as redes sociais tenham uma participação bem menor do que hoje na vida dos brasileiros. Mas, por ora, é um fenômeno, muito ligado ao gosto que o nosso povo tem pelo contato com outras pessoas, mesmo que seja virtual. O inverso acontece no Japão, onde as redes sociais têm pouquíssima adesão. Lá eles têm uma cultura de recato, de comedimento e de manter a privacidade preservada. Um jovem postar que está em um restaurante comendo batata frita seria um insulto no Japão.

JC - Esse arrefecimento deve acontecer com os sites de compras coletivas?

London - Sim. Essa é ainda uma febre na qual equivocadamente os pequenos empreendedores buscam rapidamente fazer sucesso na internet. E um dos ensinamentos da internet é justamente: não vá atrás de manadas. Se alguma coisa já está fazendo muito sucesso, não vá. Hoje temos 1,9 mil sites de compras coletivas no Brasil, criados desde setembro do ano passado. Desses, 800 já estão inativos. A mortalidade dos sites de compras coletivas é igual a natalidade. No fim, vão ficar 10, no máximo 15. A mesma coisa aconteceu com os sites de leilão. Quando começaram a ser lançados, há alguns anos, eram 300. Hoje praticamente não existem. As empresas não devem se guiar pela manada e achar que por alguns terem dado certo, todos darão. Fazer site é como abrir um negócio e exige cuidados e planejamento.

JC - Que áreas você considera potenciais para se investir hoje na internet?

London - As empresas precisam estar atentas para aplicações inovadoras, em nichos nos quais tenham chance de crescer sem que todos estejam fazendo a mesma coisa. Isso significa deixar de olhar apenas para esses negócios com capacidade de subitamente darem certo e que, de repente, despencam. O mercado de entretenimento, a meu ver, tem grande potencial de crescimento nos próximos anos no Brasil. Nesse nicho podemos destacar desde o aluguel de filmes até o desenvolvimento de games. Outra área que vejo grandes chances de crescimento é a venda de serviços pela rede mundial que estejam ligados às próprias operações de e-commerce. Como exemplo temos a possibilidade de escolher pela rede mundial a empresa que você deseja que faça o transporte ou o financiamento dos seus produtos.

Fonte: Jornal do Comércio

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