quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Gameterapia: o tratamento e a cura através dos games.


Muito além da diversão e da interatividade. Cada vez mais, os videogames com sensores de movimento são usados como ferramenta para reabilitação em pacientes ortopédicos e neurológicos. Essa inovadora prática terapêutica começou a ser desenvolvida no Canadá há alguns anos; hoje, já é facilmente encontrada Brasil afora. As clínicas de fisioterapia mais modernas foram as primeiras a adotar a terapia virtual.

Dr. Paulo Eduardo Monteiro, fisioterapeuta, explica que o brasileiro é muito criativo: "Então, foi muito fácil a adaptação quando nós vimos, biomecanicamente, que seria interessante a utilização do movimento dos videogames e dos jogos interativos e de realidade virtual com os exercícios".

Indicada para crianças, jovens, adultos e idosos, a terapia com o uso do videogame não substitui outras práticas terapêuticas, mas complementa o tratamento uma vez que leva o paciente para outra realidade.
"Ele vem só para somar com o que já fazemos. Ele sozinho não é só fisioterapia ou só jogo, mas com as outras técnicas que a fisioterapia já tem, ele vem só para acrescentar", diz a Dra. Bianca Azoubel de Andrade, também fisioterapeuta.

Mas engana-se quem pensa que simplesmente por ter o console em casa pode deixar o tratamento de lado ou fazê-lo de forma independente. As indicações dos jogos no processo de reabilitação são inúmeras; a "gameterapia" serve para incentivar a atividade cerebral do paciente e até recuperar movimentos. A tecnologia transformou o entretenimento em uma tendência médica, e não tem mais volta...

Dra. Bianca diz: "Existem reabilitações com o videogame para tudo, não só para a fisioterapia, outras áreas também usam o videogame para suas reabilitações específicas. A tendência é evoluir, é a criação de jogos específicos para a fisioterapia. Acredito que as pessoas vão começar a trabalhar mais nisso".
No Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas, em São Paulo, o mais difícil não é convencer as crianças a fazer a terapia, mas explicar que uma hora ela acaba: "Não usamos uma sessão inteira de 40 minutos, meia hora, de videogame. Ele é usado em um tempo menor, como parte da terapia, seja no começo, no meio ou no final. Isso vai depender da criança", explica Dr. Bianca.

Nos Estados Unidos, pesquisadores do Medical College of Georgia descobriram que os jogos de tênis, boliche e boxe, do Nintendo Wii, melhoram a rigidez, movimento e habilidades motoras, além de diminuir a ocorrência de depressão em 20 pacientes acometidos do mal de Parkinson.
Dr. Paulo Eduardo ainda diz que "há indícios que os pacientes que fazem a ciberterapia têm uma melhora muito maior e mais rápida, se comparada aos pacientes que não a fazem".

Dra. Bianca ainda explica: "Hoje, estamos tendo um resultado muito interessante com os pacientes aqui na Oncologia Pediátrica, com os pacientes com alguns tumores cerebrais, com alteração de equilíbrio. Com eles, vimos um resultado enorme, realmente uma melhora importante do equilíbrio, das quedas, com o uso do videogame".

A tendência da "gameterapia" é tão forte que, no Canadá, onde tudo começou, já existe um videogame específico para fisioterapia. O preço é um pouco salgado: US$13 mil, algo em torno de
R$22 mil. Mas o iREX traz mais de 20 jogos de realidade virtual e ambientes projetados especificamente para a terapia física. Pode ter certeza, daqui pra frente, nas clínicas de reabilitação, monotonia é coisa do passado.

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